Breve resumo, fiel ao artigo, sob a minha curadoria, mas para quem desejar beber direto da fonte, artigo na íntegra ao final do post.
O documento “Thinking Sex: Notes for a Radical Theory of the Politics of Sexuality” de Gayle S. Rubin, aborda a sexualidade como uma construção social e política, criticando a visão essencialista de que o sexo é uma força natural e imutável.
A autora contextualiza o tema, descrevendo como os conflitos sobre valores sexuais e conduta erótica se assemelham a disputas religiosas, ganhando grande peso simbólico e servindo como veículos para deslocar ansiedades sociais. Ela destaca períodos históricos em que a sexualidade foi mais contestada e politizada, como o final do século XIX, com as campanhas vitorianas contra “vícios”, e os anos 1950, com a perseguição à “ameaça homossexual”.
Rubin argumenta que a repressão sexual ainda persiste, citando as campanhas contra os direitos LGBTQIAPN+ e a “pornografia infantil” dos anos 1970 e 1980, que resultaram em novas leis e perseguições. Ela critica o que chama de “essencialismo sexual” e identifica outras formações ideológicas que inibem o desenvolvimento de uma teoria radical do sexo, como a negatividade sexual, a falácia da escala deslocada, a valoração hierárquica dos atos sexuais, a teoria do dominó do perigo sexual e a falta de um conceito de variação sexual benigna.
A autora introduz o conceito de “estratificação sexual”, onde atos sexuais são avaliados hierarquicamente (do “círculo encantado” ao “limite exterior”), com recompensas para quem está no topo e estigma e punição para quem está na base. Ela detalha como as leis, a psiquiatria e a cultura popular reforçam essa hierarquia, criminalizando comportamentos consensuais e estigmatizando minorias sexuais.
Rubin também discute os “conflitos sexuais”, como as lutas ideológicas e legais em torno da sexualidade, e as “guerras territoriais” que afetam as comunidades eróticas urbanas. Ela aponta para os “pânicos morais” como momentos cruciais em que medos sociais são deslocados para grupos sexuais estigmatizados.
Por fim, a autora critica as “limitações do feminismo” em sua análise da sexualidade. Ela argumenta que, embora o feminismo tenha contribuído para a discussão, muitas vezes ele confunde gênero com sexualidade, e que é necessário desenvolver uma teoria autônoma da sexualidade que não seja redutível à teoria de gênero. Rubin propõe que um sistema de estratificação sexual não é redutível a classe, raça, etnia ou gênero, e que, embora esses privilégios possam mitigar os efeitos da opressão sexual, ninguém está imune a ela.
Fonte: Acesse aqui o artigo: Thinking Sex
